Anatomia do esqueleto
O estudo anatómico do esqueleto do Menino do Lapedo revelou um mosaico de características modernas e arcaicas. Destacam-se a morfologia geral do crânio, um queixo proeminente, as proporções da dentição, o comprimento da clavícula e a largura da púbis.
Por outro lado, temos elementos que indiciam uma herança genética Neandertal, destacando-se o bordo esterno da órbita espesso, a arcada zigomática robusta e a proporção entre a tíbia e o fémur.
O esqueleto foi igualmente objecto de estudos paleopatológicos, verificando-se que, até à data do seu óbito, o Menino do Lapedo era uma criança saudável, sem quaisquer lesões durante o respectivo crescimento.
No seu conjunto, o esqueleto LV1 parece fortalecer a hipótese de que o desaparecimento dos últimos Neandertais terá resultado de um longo processo de interacção entre as suas populações e os homens anatomicamente modernos, nos quais acabaram por se diluir, não por extinção, mas por assimilação/absorção.
Tal parece ser a explicação mais parcimoniosa para a presença de várias características arcaicas no esqueleto de uma criança “moderna” que viveu entre três a cinco mil anos depois do desaparecimento dos últimos Neandertais na Península Ibérica.