Museu de Leiria foi inaugurado após 98 anos de espera
Com um investimento de 2,8 milhões de euros, comparticipado em 85% por fundos comunitários, o Museu de Leiria abriu no domingo, dia 15, no Convento de Santo Agostinho, ao fim de 98 anos de itinerância. Os leirienses têm agora mais um motivo de orgulho pela criação desde espaço que testemunha milhares de séculos da história de Leiria, reforçando assim a identidade do concelho.
Centenas de convidados partilharam este evento com o Município de Leiria, num dia marcado por duas declarações. Se Raul Castro considerou que este é “mais do que um museu e mais do que um espaço cultural”, já a presidente da CCDRC reforçou a ideia de que “este é um projeto do País”.
“Este é sem dúvida um momento que une Leiria e a região num sentimento de orgulho, em especial para todos aqueles que de forma direta e indiretamente contribuíram para concretizar esta obra”, afirmou o presidente do município, Raul Castro.
“Este é, pois, mais do que um museu e mais do que um espaço cultural a somar a todos os outros de excelência que temos conseguido concretizar, apesar de todas as adversidades que são notoriamente conhecidas, provando que o rigor não é incompatível com os desígnios que importam”, frisou o autarca.
Para Raul Castro “É também com redobrado orgulho que podemos anunciar que o Museu de Leiria, para além de dispor de Guiões em Braille, é a partir de hoje o primeiro a nível nacional a disponibilizar aos seus visitantes um Guião em Sistema Pictográfico, o que será uma mais-valia para a comunicação que pretendemos privilegiar neste espaço cultural.
É uma forma de chegarmos a todos, evitando a exclusão em áreas que vão desde a iliteracia até ao espectro do autismo”.
Para a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa “Leiria soube muito bem, neste extraordinário projeto, aproveitar as oportunidades que os fundos comunitários oferecem para recuperar um património único”.
“Este é um projeto do País”, elogiou. Para aquela responsável “a abertura do Museu é um momento de alegria para todos. Este vai ser também um espaço de vivência da cidade e da região e, portanto, um espaço de cultura”, acrescentando que ”é a cultura que distingue os povos desenvolvidos dos menos desenvolvidos e, nesse aspeto nós temos um país riquíssimo”.
O Museu de Leiria é uma janela aberta sobre a memória de um território longamente habitado que, à entrada do século XXI, se revela com um novo olhar sobre uma realidade complexa. Ideia surgida ainda em tempos da Monarquia Liberal, o Museu ficou a dever a sua concretização aos esforços persistentes de Tito Larcher (1865-1932), que tomaram forma no Decreto de 15 de novembro de 1917, com a criação do Museu Regional de Obras de Arte, Arqueologia e Numismática de Leiria.
Em 2006 iniciou-se o processo que devolve à vivência da Cidade o Convento de St.º Agostinho, monumento construído a partir de 1577 (a igreja) e 1579 (o complexo conventual), e agora habitado pelo novo Museu de Leiria. O programa museológico, que se procurou participado, enquadra para além do acervo do antigo museu, as coleções artísticas municipais e a reserva arqueológica, constituindo o fulcro da rede de museus concelhios, aberta à Cidade e ao seu território.
O Museu de Leiria organiza-se em dois espaços expositivos. No primeiro apresenta-se uma exposição de longa duração que faz uma leitura geral da história do território, propondo um caminho, necessariamente sumário, por entre a rica e densa floresta de objetos, acontecimentos e mitos, que definem uma identidade central do País. No segundo espaço, que lhe é complementar, são apresentadas exposições temporárias que permitem aprofundar temáticas e coleções específicas.
O Museu de Leiria representa também o primeiro passo para a candidatura da cidade de Leiria a capital europeia da cultura em 2027, cuja candidatura deverá ser apresentada dentro de um ou dois anos.