Leiria Medieval promete maior animação de sempre no castelo e centro histórico
A atmosfera medieval volta a invadir o castelo e o centro histórico, de 21 a 23 de julho, três dias em que a cidade regressa ao tempo dos reis.
Nesse fim-de-semana, quem sair às ruas de Leiria poderá ter a felicidade de se cruzar com D. João I, D. Filipa de Lencastre, D. Nuno Álvares Pereira ou os infantes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique.
Na edição deste ano, com o tema “Leiria Medieval: Infante D. Duarte, Herdeiro da Coroa”, é recriada a consagração do Infante D. Duarte, então com 9 anos, como legítimo herdeiro da Coroa de Portugal após o falecimento do primogénito, D. Afonso, em Braga.
Os visitantes serão desafiados para um verdadeiro mergulho na história, num evento que não se confina às muralhas do castelo, mas que desce ao velho burgo, onde as ruas se apinham para ver nobres, plebeus, mercadores, artesãos, místicos e artífices.
A própria toponímia da cidade será adaptada às circunstâncias. Será possível descobrir locais como as Portas do Sol, o Largo da Albacara, Largo da Taberna, o Largo da Traição, a Azinhaga dos Feitiços, Parvularium, Campo da Palha, Várzea de S. Martinho ou as ruas dos Açougues, da Alfaiataria ou dos tanoeiros.
É nestes espaços que descobrimos um verdadeiro desfile de personagens históricas que dão vida a iniciativas como o cortejo real, demonstração d’armas, atuação do bobo, ceia medieval, cerimónia de homenagem e juramento de fidelidade ao Infante D. Duarte (programa em anexo).
Para dar vida às personagens que povoavam a Leiria de 1400, centenas de figurantes enchem as ruas e um programa que conta com a participação de oito grupos de teatro e animação, sete grupos musicais, três acampamentos militares, um campo de treino de arco e flecha, dois acampamentos civis, três grupos para animação infantil, outros tantos com animais amestrados, dois grupos de dança, além de quatro dezenas de atores que encarnam personagens que marcaram a história daquela época.
HORÁRIOS
Dia 21, sexta - 20h00 às 02h00
Dia 22 sábado - 16h00 às 02h00
Dia 23 domingo - 16h00 às 23h00
BILHETEIRAS E PREÇÁRIO
Teatro José Lúcio da Silva
Teatro Miguel Franco
Durante o evento: Igreja de S. Pedro
Até aos 10 anos: entrada livre
A partir dos 11 anos: Bilhete um dia €3,5 | Bilhete 3 dias €8,00
Enquadramento histórico
No último trimestre de 1400 Portugal sofre um enorme abalo: a novíssima dinastia, inaugurada por D. João I em 1385 e garante da independência nacional, perde o filho primogénito legítimo do Rei, D. Afonso. O Infante Herdeiro morre em Braga no decurso de uma “peregrinação” que o devia levar com a mãe, D. Filipa, a Santiago de Compostela.
Pouco tempo depois, ainda em pleno luto, realiza-se em Leiria uma cerimónia da maior premência e importância política: a confirmação e juramento do Infante D. Duarte como aquele que se predestina a ser Rei, como novo Infante Herdeiro da Coroa.
D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, conde de Ourém e de Barcelos, desempenha neste episódio um papel de grande relevo uma vez que do seu acordo jurado e declarada proteção ao novo Infante Herdeiro depende de facto o futuro do Portugal enquanto Reino independente.
A “Crónica do Condestável” resume assim esta sucessão de eventos: “E poucos dias [passados] mandou o Rei chamar o Condestável [para] que fosse a Leiria para fazerem menagens [homenagens] ao Infante Duarte, que Deus deu a Portugal por primogénito. E o Conde foi a Leiria, como lhe foi mandado, e os preitos [tributos de vassalagem; testemunhos de veneração; juramentos solenes] e menagens foram feitas ao Infante Duarte como primogénito e senhor natural. E, isto acabado, o Rei mandou a todos que tirassem o “doo” [ dor; luto] que traziam por o Infante dom Afonso.”
Da cerimónia propriamente dita ou de quem nela participou nada se sabe a não ser que estiveram presentes como principais protagonistas: o Rei, o Infante e o Condestável. Adivinha-se que presentes estiveram também certamente a Chancelaria Real, altos dignitários da Igreja e representantes da grande Nobreza entre os quais Afonso de Portugal, filho ilegítimo de D. João I, criado em Leiria, e que aqui casará com Beatriz, filha de D. Nuno Álvares Pereira.
Luís Mourão