Centro de Diálogo Intercultural de Leiria recebeu mais de 17 mil visitantes no primeiro ano
O Centro de Dialogo Intercultural de Leiria (CDIL) recebeu mais de 17 mil visitantes ao longo do seu primeiro ano de atividade.
Entre 26 de julho de 2017, data de abertura ao público, e 22 de julho de 2018 o total de visitantes ascende a 17.745, distribuídos entre os dois polos deste centro - Igreja da Misericórdia e Casa dos Pintores.
Este número representa, além dos visitantes, os participantes nas atividades desenvolvidas, seja nas visitas guiadas, roteiros da judiaria de Leiria, oficinas pedagógicas e eventos culturais - concertos, teatro, tertúlias, conferências e apresentação de livros.
Para o vereador da Cultura na Câmara Municipal de Leiria, Gonçalo Lopes, estes números validam o projeto museológico desenvolvido para este espaço, cuja concretização se enquadra na ambição de que o CDIL se assuma como uma referência na programação cultural no concelho, em especial no âmbito da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura em 2027.
“O CDIL apresenta um forte simbolismo, não apenas por se tratar de um espaço de diálogo ecuménico, mas também pelo trabalho de recuperação do nosso património e de recuperação da nossa memória coletiva”, acrescenta Gonçalo Lopes.
Além dos portugueses, o CDIL tem atraído visitantes de várias outras nacionalidades, nomeadamente Espanha, Brasil, Ukrania, Reino Unido, França, Finlândia, Alemanha e China.
No primeiro ano de funcionamento foram inúmeras a atividades culturais desenvolvidas no CDIL, em que se destacam a Festa dos Museus, Dia Internacional dos Museus, Festival Música e Dança de Leiria "Beira Rio" e Festival “A Porta”.
A assinalar o aniversário estão previstas diversas atividades, nomeadamente visitas livres às 09:30 - 12:30 e das 14:00 - 18:00, e ainda uma Visita Guiada por Raquel Coimbra e Sara Marques da Cruz às 18:30.
Às 21:30 tem início um concerto com Eduardo Ramos (Música Medieval Galaico - Portuguesa, Música Árabe e Cantigas Portuguesas Tradicionais).
Investimento de 570 mil euros
Para a constituição deste espaço museológico foram investidos mais de 570 mil euros no restauro da antiga igreja da Misericórdia e projeto museológico.
Recorde-se que a Igreja da Misericórdia foi construída em 1544 sobre a sinagoga da comunidade judaica de Leiria que ali existia antes, constituindo um dos 12 projetos âncora, entre os 25 que integram o projeto das Rotas Sefarad, considerado "vital" para o sucesso da Rede de Judiarias de Portugal.
Com um objetivo cultural, ecuménico e turístico, o Centro de Diálogo Intercultural pretende interpretar a presença, ao longo dos séculos, de três importantes religiões em Leiria.
O espaço valoriza a coexistência do Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, que se tornaram uma marca de desenvolvimento e de multicuralismo da região até hoje, graças ao acolhimento e contributo cultural e económico de várias comunidades migrantes.
A Rede de Judiarias de Portugal candidatou as Rotas Sefarad ao programa EE A Grants, que conta com uma forte participação da Noruega, mas também da Islândia e do Lichenstein.
O projeto centra-se ainda nas memórias multiculturais de Leiria, como é o caso do poeta, cristão-novo, Francisco Rodrigues Lobo, ou do Padre Joaquim Carreira, que salvou dezenas de pessoas de origem hebraica durante a 2.ª Guerra Mundial.
Constituídas com o objetivo de valorizar a identidade judaica portuguesa no diálogo intercultural, as Rotas de Sefarad integram, no caso de Leiria, a perspetiva da confluência de culturas com a revitalização das memórias judaica e cristã.
A recriação da tipografia da família Orta, onde foi impressa pela primeira vez em Portugal uma obra de caráter científico, o "Almanach Perpetuum", ou tabelas astronómicas, de Abraão Zacuto, assim como a memória da própria Santa Casa da Misericórdia, complementam o projeto que se estende até à Casa dos Pintores.