Breve historial do Convento de Santo Agostinho
Com a catedral da cidade, o convento de Santo Agostinho, cuja volumetria ganha corpo a partir de 1577 (a igreja) e 1579 (o complexo conventual), assume na paisagem urbana de Leiria o pensamento que subjaz à Reforma Católica à luz do Concílio de Trento.
Por ação de D. Frei Gaspar do Casal, segundo bispo de Leiria e eremita de Santo Agostinho, contrariando a opinião dos cónegos da sé, nasceu assim um dos mais importantes complexos monásticos de Leiria, certamente para que dentro dos seus muros pudessem florescer as novidades reformistas dessa magna assembleia empenhada em proporcionar aos seus membros o estudo mais sistematizado (a criação do seminário diocesano, em 1671, em área contígua ao convento é prova disso).
Por essa razão se terá escolhido o terreno junto ao caudal do Lis, mais concretamente junto ao moinho de papel, suporte do pensamento da modernidade.
A traça arquitetónica do convento é espelho da erudição que deve inscrever este edifício nas rotas do maneirismo, embora venha, no século XVIII, a ser moldado também pelo gosto barroco.
O convento de Santo Agostinho é uma das mais prolongadas marcas da ligação do território leiriense à figura do bispo de Hipona, assumindo a responsabilidade de que esta figura insigne do pensamento ocidental seja ainda hoje tomada como patrono da diocese de Leiria-Fátima. (Texto da autoria de Marco Daniel Duarte)