Exposição no m|i|mo integra projeto nacional sobre estereoscopia
Estereoscopia - técnica usada para se obter informações do espaço tridimensional, através da análise de duas imagens obtidas em pontos diferentes.
Inaugurou no dia 17 de janeiro, no m|i|mo – museu da imagem em movimento a exposição “A Terceira Imagem - A fotografia estereoscópica em Portugal e o desejo do 3D”, que irá estar patente ao público até dia 15 de março.
Esta exposição dedicada à fotografia estereoscópica em Portugal, e que conta com a parceria o m|i|mo, Museu da Imagem em Movimento, e do Arquivo Municipal de Lisboa — Fotográfico, parte de um estudo das coleções e dos fundos de fotografia estereoscópica de museus e arquivos públicos nacionais levado a cabo no âmbito do projeto de investigação Cultura Visual Estéreo, do Centro de Investigação CICANT da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
A coleção de estereoscopia do m|i|mo é constituída por cerca de 3 mil imagens, cuja divulgação no âmbito deste projeto nacional beneficia também da divulgação através de conferências e seminários.
“A Terceira Imagem - A fotografia estereoscópica em Portugal e o desejo do 3D” visa ainda promover o reencontro com algumas imagens originais e visores de época, integrando estereoscopias em formato digital, apresentadas em ecrãs 3D, do Arquivo Nacional Torre do Tombo, do Centro Português de Fotografia, da Cinemateca Portuguesa — Museu do Cinema, do Museu da Cidade da Câmara Municipal de Lisboa, do Museu Carlos Machado, do Museu da Ciência da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do EcoMuseu do Seixal.
Este é um levantamento pioneiro em Portugal na área da fotografia estereoscópica, e conta com consultores internacionais, estando ainda previstas várias publicações científicas.
Trata-se de uma colaboração inovadora entre instituições públicas e privadas que vai ser uma mais-valia para o m|i|mo, tendo em conta que o projeto do museu na área da fotografia tem como objetivo principal, entre outros, a criação das bases necessárias para a conservação e manutenção do espólio fotográfico existente no seu acervo.
A cooperação científica e técnica e o melhor aproveitamento possível de recursos dos museus possibilitam a continuação do estudo das coleções, dando-lhes visibilidade através de um plano de exposições temporárias à medida que o acervo vai sendo estudado e tratado.
O convite para o município de Leiria integrar este projecto surgiu na sequência da visita de representantes da Cooperativa de Formação e Animação Cultural, CRL. (COFAC), entidade instituidora da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, e do CICANT – Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias, que teve lugar no m|i|mo em julho de 2013, bem como de visionamentos feitos das coleções de fotografia estereoscópica do museu.
Contextualização:
Foi o investimento científico no estudo da visão que originou a fotografia estereoscópica. A partir de 1833, um par de imagens gémeas passou a poder reproduzir o fenómeno da visão binocular e, como tal, gerar ‘vistas com relevo’ resultantes de uma ilusão perceptiva de tridimensionalidade. A imagem com aspecto tridimensional que a estereoscopia oferece não coincide com nenhuma das duas imagens recebidas pelos olhos, uma vez que é uma síntese das anteriores, ou seja, uma Terceira Imagem. A possibilidade de reprodução desta experiência óptica, fortemente realista e imersiva, permitiu à fotografia estereoscópica responder tanto ao emergente desejo social de viajar para paisagens distantes (por muito que apenas virtualmente), como ao desejo de que a fotografia se pudesse confundir com a realidade, adquirindo ‘vida’.
A presente exposição é dedicada à fotografia estereoscópica em Portugal, nomeadamente, ao modo como produziu um novo olhar sobre os temas, os géneros, as composições fotográficas e ainda sobre os ‘assuntos portugueses.’ Partiu de um estudo das colecções e dos fundos de fotografia estereoscópica de museus e arquivos públicos nacionais efectuado pelo projecto de investigação Cultura Visual Estéreo do Centro de Investigação CICANT da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Em parceria com o m|i|mo, Museu da Imagem em Movimento, e com o Arquivo Municipal de Lisboa — Fotográfico, projectaram-se duas exposições que permitem a primeira apresentação das suas colecções e fundos autorais de estereoscopia.
A exposição Terceira Imagem visa promover o reencontro com algumas imagens originais e visores de época destas duas instituições, integrando ainda estereoscopias em formato digital, apresentadas em ecrãs 3D, das seguintes instituições: Arquivo Nacional Torre do Tombo, Centro Português de Fotografia, Cinemateca Portuguesa — Museu do Cinema, Museu da Cidade — CML, Museu Carlos Machado, Museu da Ciência- FCUP e EcoMuseu do Seixal.
Sobre as colecções de estereoscopia do m|i|mo
O m|i|mo, museu da imagem em movimento, dedica as suas coleções à história do desenvolvimento das técnicas e tecnologias da imagem em movimento. O seu acervo estrutura-se em cinco áreas principais: Pré-cinema, Fotografia, Cinema, Televisão e Imagem Digital. A coleção de referência representa sobretudo a evolução das imagens técnicas e máquinas de produção e projeção de imagens, incluindo os dispositivos para imagens em perspetiva, em relevo e/ou que “permitem” a “terceira imagem”.
Gravuras para zogroscópio, “Vistas Óticas” para “Cosmoramas”, sequências de “movimento” para brinquedos óticos, fotografias sequenciais para kinoras e filmes para projetores, desde os primórdios à atualidade, representam algumas das subcolecções do acervo de imagens do museu, incorporadas no ArquI - Arquivo de Imagem do Centro de Documentação e Informação Artur Avelar.
A incorporação de fotografias, máquinas fotográficas e outros dispositivos óticos associados seguiram dois princípios: a fotografia enquanto processo técnico; a fotografia produzida para ser visualizada em dispositivos óticos.
A área da estereoscopia também reflete e integra estas duas vertentes:
• Documentar a diversidade e evolução deste dispositivo, o seu desenvolvimento técnico, receção, a sua divulgação e a influência no cinema.
• Representar uma Coleção de processos fotográficos que documente a evolução técnica e estética destas imagens técnicas.
Coleções do museu de estereoscopia de fotógrafos amadores:
Coleção de Autochromes para Taxiphote: imagens da Europa, entre 1903 e 1920;
Coleção J. Walmer: 157 imagens de Portugal, entre 1908 e 1912;
Coleção Francisco Magalhães Nobre: 575 imagens da Europa, entre 1909 e 1929;
Coleções de fotografias estereoscópicas comerciais:
Coleção Martinho: “Lés Étrangleurs”, “L’Áfricaine” e erotismo;
Coleção de cartões estereoscópicos comerciais (1878-1920);
Coleção Pestalozzi Educational View; C.1905; (depósito LRL)
Na exposição do m|i|mo apresenta-se uma seleção destas coleções. Partindo do tema da viagem, que decorre do titulo “Viajar… em casa” impresso nas caixas originais das fotografias atribuídas a J. Walm[er]. Esta ideia da viagem através das imagens vem sobrepor-se à ideia de viagem das Caixas Óticas ou Cosmoramas. Com o contributo comercial das imagens estereoscópicas e a sua divulgação à escala mundial, “as famílias vitorianas, sem saírem dos seus salões, podiam percorrer o mundo vendo a três dimensões lugares exóticos e sítios da moda.” (Martin Kemp).
A fotografia estereoscópica, enquanto entretenimento ótico, prolifera até aos nossos dias com os anaglifos para aplicações digitais, e os estereogramas onde a ilusão de tridimensionalidade depende exclusivamente do observador, não necessitando de dispositivo de mediação.
Apoios institucionais
FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Universidade Lusófona
Câmara Municipal de Leiria
m|i|mo - museu da imagem em movimento
Conferencias no âmbito da expo "A terceira Imagem, a fotografia estereoscópica em Portugal e o desejo do 3 D"
14 Fevereiro — 16h00
Conferência Paradigmas da Estereoscopia — 1ª parte
Oradores: Margarida Medeiros, Rodrigo Peixoto, Teresa Mendes Flores, Vitor dos Reis
Local: m|i|mo — museu da imagem em movimento
14 de Março — 16h00
Conferência Paradigmas da Estereoscopia — 2ª parte
Oradores: Ana David, Joana Bicacro, Jorge Leandro Rosa, Victor Flores
Local: m|i|mo — museu da imagem em movimento