Exposição do pintor leiriense Jorge de Oliveira patente no m|i|mo
Pela primeira vez Leiria recebe a exposição do pintor leiriense Jorge de Oliveira (1924-2012), que ao longo de 50 anos de atividade artística participou em todas as mudanças significativas da sua geração, de uma maneira singular, fruto do seu individualismo e independência.
“De Leiria para o Mundo – A Invenção Contínua”, é a exposição do pintor Jorge de Oliveira que inaugura no m|i|mo – museu da imagem em movimento, no próximo sábado, dia 27 de junho, pelas 16 horas, numa iniciativa conjunta da família do pintor e do Município de Leiria. A exposição fica patente ao público até dia 19 de setembro.
Jorge de Oliveira pertence à geração dos pintores modernos, emergente nos anos 40, em Portugal. O seu percurso artístico atravessa várias correntes, como o Neorrealismo, o Surrealismo e a Abstração.
Esta exposição é o testemunho da procura de um artista pela sua verdade. Obra e Autor, inacreditavelmente desconhecidos do grande público, são agora reencontrados.
Jorge de Oliveira revela um trabalho persistente, onde o prazer da descoberta é o mesmo prazer do experimentar e do existir.
O trabalho do artista tem duas fases fundamentais:
Os anos convulsivos que vão de 1944 a 1955, com a descoberta inicial do neorrealismo, uma crise singular que se lhe seguiu com saída pela via de um “automatismo psíquico” muito próximo do Surrealismo, aliás com referência explícitas a Breton, desembocando em variadas práticas experimentais e não figurativas.
Entre 1958 a 1992, tem lugar uma lenta e variada busca da síntese entre a figura e a não figura, entre o caos e a forma, numa pesquisa formal e imaginária que também passou pela realização de filmes experimentais nos anos sessenta que têm muito a ver com a sua pintura final.
Jorge de Oliveira acolheu o esquecimento que cercou a sua obra com particular ironia e desprendimento e pode ainda participar com entusiamo, com a colaboração da pintora Tereza Arriaga, sua mulher, e da sua família, no ressurgir do interesse pela sua obra.
Ainda em vida do pintor o Museu do Neorrealismo e o Museu do Chiado receberam e mostraram obras suas e, já depois da sua morte, foi possível realizar uma significativa exposição antológica do seu trabalho em Lisboa (Museu do Chiado e Fundação Arpad Szenes Viera da Silva) e no Porto (Museu Nacional Soares dos Reis).
Num artigo publicado no antigo Diário Popular, a 25 de Janeiro de 1950, o crítico literário e escritor João Gaspar Simões pergunta a Jorge de Oliveira se tem a certeza de que os seus quadros são compreendidos, ao que o mesmo responde: “- Tudo depende da atitude de quem observa os meus quadros. Sabe bem que é o indefinido que eu procuro exprimir, isto é, aqueles sentimentos que em nós próprios não têm forma: vêm, directamente, do subconsciente; quem olhar para os meus trabalhos, abandonando-se à melodia plástica que eu quis fixar neles, encontrará, por certo, o que eu quis lá pôr, pois, exprimindo os meus sentimentos indefinidos, exprimo, fatalmente, os sentimentos indefinidos de todos os homens.”