Bibliotecas Escolares de Leiria debateram educação para a literacia visual nas crianças e jovens
O M|I|MO - Museu da Imagem em Movimento e a ESECS/IPL, em Leiria, receberam nos dias 12 e 13 de novembro do VIII Encontro Concelhio de Bibliotecas Escolares de Leiria, que contou com a participação de 100 bibliotecários e profissionais da educação de todo o país, numa organização conjunta da Câmara Municipal de Leiria, do Instituto Politécnico de Leiria, da Rede de Bibliotecas Escolares e da estrutura concelhia desta Rede.
O tema deste encontro, creditado para efeitos de formação docente, foi dedicado a “Fitas na Escola - Cinema &Bibliotecas” e resultou da necessidade de valorizar a literacia visual junto de crianças e jovens dos ensinos básico e secundário, integrando o seu processo de educação para a Arte e cívica.
Na sessão de abertura, Anabela Graça, Vereadora da Educação, Juventude e Biblioteca Municipal de Leiria, destacou a importância da exploração do cinema em contexto escolar, um desafio colocado pelo Plano Nacional de Cinema que foi relançado este ano. "A linguagem da sétima arte induz nas crianças e jovens a construção de um sentido estético e crítico, dotando os alunos de uma visão singular e sensível, na observação do mundo que os rodeia, na construção da sua identidade e na relação com o outro, enriquece o seu imaginário ao longo do percurso formativo, abrindo novas perspetivas de interpretação e de participação através do exercício de uma cidadania ativa”, afirmou a Vereadora da Educação.
Elsa Mendes, coordenadora do Plano Nacional de Cinema (PNC), destacou as três áreas de intervenção que o PNC privilegia: o ato de ir ao cinema, o trabalho dentro das escolas em torno da exibição fílmica, exploração pedagógica e crítica dos filmes, e um plano de formação de docentes a nível nacional, revelando que 150 agrupamentos de escolas aderirem já ao PNC.
Pedro Mexia, crítico literário, cinéfilo e cronista, conhecido do grande público pela sua participação do programa “Governo Sombra” da TVI, abordou o posicionamento de todos nós e dos jovens em especial, no “paradigma visual em que vivemos”, realçando que "promover uma educação cinematográfica é tão importante como a educação literária", conferindo ao cinema a mesma dignidade que auferem as outras formas de arte. Por outro lado, salientou que, contexto atual, "a educação visual é importante para se perceber bem o que estamos a ver, saber descodificar a mensagem através do conhecimento das técnicas de montagem, atendendo ao elevado nível de manipulação a que as imagens estão sujeitas".
Seguiu-se uma retrospetiva histórica sobre "Cinema e Educação em Portugal" por Ana David, técnica superior do M|I|MO - Museu da Imagem em Movimento de Leiria.
Durante a tarde do primeiro dia, decorreram dois painéis - "Os Direitos de Autor: Cinema, Escola e Internet" (por Ana Cardoso da Sociedade Portuguesa de Autores, Mafalda Sebastião da Acesso Cultura e Jorge Borges da Rede de Bibliotecas Escolares) e "Práticas de Cinema nas Escolas" que contou com a participação de Rodrigo Francisco do Cineclube de Viseu, de Teresa Garcia, presidente da Associação Cultural Filhos de Lumière e de Neva Cerantola, responsável pelo Serviço Educativo da Cinemateca Portuguesa. E uma comunicação de Elsa Rodrigues, professora do Agrupamento de Escolas Domingos Sequeira (Leiria), intitulada "Utopias e Distopias no Cinema de Ficção Científica".
O segundo dia do Encontro foi dedicado a quatro oficinas de formação prática, integradas no tema "Cinema e Literacias de Imagem e Texto", potenciando os recursos tecnológicos da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, onde os formando puderam aprender a publicar imagens e músicas com proteção de direitos de autor, a manusear as ferramentas gratuitas de edição de imagem e de vídeo (como o Movie Maker), a realizar vídeos e a difundi-los no You Tube e a explorar o potencial de outros recursos multimédia, no sentido de capacitar os profissionais de bibliotecas e de Educação a trabalhar com as novas tecnologias, indo de encontro às necessidades das novas gerações de alunos que precisam de ser motivadas para além da utilização dos recursos ditos tradicionais.
Outra oficina apresentou exemplos de vídeos e imagens desenvolvidos por alunos nas escolas, que abordam temas ligados à literatura e que foram realizados no âmbito dos concursos de artistas e cineastas digitais, promovidos pelo Centro de Competência Entre Mar e Serra (CCEMS) junto das bibliotecas escolares.
Foi também explorada a temática da produção de conteúdos para diversas plataformas e proporcionado o contacto com a microficção e a narrativa breve, no sentido de explorar as suas diversas potencialidades.
Para encerrar o encontro, diversos alunos do Orfeão de Leiria - Conservatório de Artes interpretaram um reportório diverso de músicas de filmes, valorizando a importância da música na Educação para o Cinema.