Município apresenta livro “José Luís Tinoco - os ateliers”
O Município de Leiria apresenta dia 19 de janeiro, às 16:00, o livro “José Luís Tinoco - os ateliers”, uma obra que resulta da exposição antológica que decorreu de maio a setembro de 2018 na Galeria de Arte – Banco de Portugal.
Nascido em Leiria há 86 anos, José Luís Tinoco é um artista multifacetado, tendo sido homenageado pela Câmara Municipal de Leiria com uma exposição antológica que apresentou, para além de peças do acervo do Museu de Leiria, a sua produção artística desde 1953 de arquitetura, filatelia, ilustração, composição musical e letras de canções, com relevo para a sua produção atual de pintura.
Neste âmbito, foi preparado um livro/catálogo em que constam elementos caracterizantes da sua vida e obra, valorizando a sua produção artística recente.
A apresentação do livro, na Galeria de Arte – Banco de Portugal, terá início às 16:00, contando com a atuação, às 16:30, de um dueto de Jazz com direção artística de Bernardo Tinoco (Saxofone) e Pablo Moledo (contrabaixo).
Às 16:45 será feita a leitura de poemas inéditos de José Luís Tinoco ditos por Cristina Nobre.
Breve Biografia de José Luís Tinoco
José Luís Tinoco nasceu em Leiria em 27 de Dezembro de 1932.
Filho da pianista, professora e diretora da ProArte (Leiria) Maria Carlota Tinoco (1903-1980) e de Agostinho Gomes Tinoco (1896-1969, Licenciado em Filologia Germânica exerceu funções de docente e foi reitor do Liceu de Rodrigues Lobo de Leiria, organizador das Horas de Arte [na década de 30], e diretor do Círculo de Cultura Musical e do Museu e Arquivo Distrital de Leiria.
Avesso a qualquer aprendizagem musical, começou a tocar de ouvido ainda criança. Nos anos 40 tinha já um repertório baseado em temas de filmes musicais e nos boogies.
No Porto fez a sua estreia em rádio, em 1951. Tocou com a Orquestra Académica de Coimbra e, mais tarde, com o conjunto de Heinz Wörner.
Desde os primeiros tempos em Lisboa foi presença assídua no Hot-Clube, tocando piano e contrabaixo. Foi pianista do primeiro grupo a atuar regularmente com o saxofonista Jean-Pierre Gebler.
No início da década de 70 participou em alguns festivais RTP da canção, em 1975 compôs e escreveu a letra da canção “Madrugada”, vencedora da edição do Festival nesse mesmo ano e que representou Portugal no concurso da Eurovisão, em Estocolmo.
Em 1997, compôs diversos fados e canções para o CD Margens, com Carlos do Carmo, onde, à semelhança do que fizera com Um Homem na Cidade (1977), tentou expandir o fado tradicional introduzindo elementos inovadores nos planos melódico, harmónico e tímbrico.
1998 marcou o regresso de José Luís Tinoco ao jazz (como compositor) através de um concerto do sexteto de Bernardo Sassetti, realizado em Lisboa, no auditório da Culturgest, e onde foram interpretados temas inéditos. Dois destes temas figuram no mais recente trabalho discográfico de J.L.Tinoco, Arquipélago, editado em Dezembro de 2008 na sequência do prémio que lhe foi atribuído no mesmo ano pela Sociedade Portuguesa de Autores. Neste CD, a música de Tinoco foi gravada por Bernardo Sassetti, Mário Laginha e João Paulo Esteves da Silva, entre outros.
Ainda com quinze anos de idade, José Luís Tinoco ingressou no curso de Arquitetura da Escola Superior de Belas Artes do Porto, em 1948. Antes de completar o curso, mudou-se para Lisboa, onde se diplomou (ESBAL).
Iniciou carreira muito cedo projetando uma moradia no Restelo, em Lisboa, que mereceu uma nomeação para o Prémio Valmor. Seguiu-se um conjunto de outros projetos de destaque.
Na pintura, desde sempre seduzido pela representação da figura humana (obteve o 1º prémio, ex aequo com A. Ayres, na cadeira de Estátua e Modelo, na ESBAP) a sua pintura passou do neorrealismo a uma figuração fragmentada que o conduziu à abstração.
No início da sua atividade, José Luís Tinoco compôs uma decoração efémera na esplanada do Café Magestic e, em 1961, pintou um vasto painel sobre madeira para o paquete Infante D. Henrique. Entretanto, o cartoon teve o seu lugar, tocado pelas influências de Ronald Searl.
De uma prática espaçada (exercida nos intervalos da arquitetura e da música), Tinoco passou em 1980 a uma atividade continuada e, em 1986, realiza na Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição individual abarcando o período abstrato de 1982/85. Dentro da mesma via executa posteriormente uma série de telas denominadas “passagens” e “jardins”.
Nos anos 90 regressa à figuração numa abordagem critica concretizada na série “crucifixões” e “Descida da cruz” – exibida em 1998 numa exposição antológica no Palácio das Galveias (Lisboa) e na Galeria 57 (Leiria). No mesmo ano, expõe no Palácio Nacional da Ajuda a série “Aproximações a seis tapeçarias”.
Numa exposição posterior, “Figurações 93/2003” (Galeria 57, 2003) permanece a temática da violência, alargada com a presença de personagens a que chamou performers – intérpretes (passivos ou ativos) de um desempenho imposto, aceite ou deliberado. No mesmo ano realiza na Sociedade Nacional de Belas Artes e na Galeria 57 outra exposição individual em que, a esse elenco, acrescenta o tema “Exercícios sobre a solidão”.
À sua atividade de pintor, José Luís Tinoco tem associado a ilustração, cartoon e artes gráficas. Salientam-se, entre outros trabalhos, as capas que desenhou para a obra completa de José Rodrigues Miguéis (Ed. Estampa) e a intensa colaboração com os CTT, traduzida na criação de mais de duzentos selos postais. Dedicou-se igualmente ao desenho de mobiliário, cenários e figurinos para bailado e fez uma breve abordagem à foto-animação.
Durante dois anos, lançou as bases e coordenou o Levantamento da Arte Portuguesa Contemporânea, para a Secretaria de Estado da Cultura.