Presidente da Câmara defende reconciliação dos jovens com a política
O presidente da Câmara Municipal de Leiria, Raul Castro, defendeu esta quinta-feira, na sessão solene comemorativa do 25 de Abril, a necessidade de reconciliar os jovens com a política, promovendo o seu envolvimento nas comemorações da revolução dos cravos.
“O 25 de Abril deve ser, por excelência, a festa dos jovens, na medida em que representa a rutura com um passado de opressão e a abertura de um novo horizonte de esperança”, disse Raul Castro, considerando que cabe à atual classe política a responsabilidade de “encontrar estratégias para reconciliar os jovens com a política e para lhes devolver o papel principal que devem assumir na construção do futuro”.
Segundo o autarca, o “primeiro passo para essa reconciliação é restaurar a dignidade do exercício da política”. Para tal, disse, é necessário apostar na ética, honestidade, competência, transparência, humanismo e espírito de missão e combater a demagogia, o caciquismo, o clientelismo, o populismo e o carreirismo.
“Nestes 45 anos enfrentámos talvez mais dias de tempestade do que idealizámos, mas em todos eles beneficiámos desta riqueza inestimável que é o direito de podermos escolher o caminho que queremos trilhar”, disse Raul Castro, considerando que nesta data somos desafiados a refletir sobre o papel que temos desempenhado na “construção desse Portugal sonhado, espaço de democracia, justiça, desenvolvimento e modernidade”.
“Devemos ter a dimensão suficiente para nos elevarmos acima da espuma dos dias, dessa vertigem para a crítica destrutiva, que, ao fim e ao cabo, apenas resulta na degradação da imagem do político e no afastamento dos portugueses face à política”, acrescentou, realçando a necessidade de defender o atual regime.
“Ao poder autárquico exige-se uma nova forma de promover o desenvolvimento local. A tónica deve estar agora colocada na competitividade territorial, o que tem de passar, em primeira instância, pelo elevar do patamar de qualificação da nossa população”, disse, defendendo que a construção de respostas aos fenómenos resultantes da globalização, seja ao nível económico, político, social ou tecnológico, deve ter, na sua essência, aquela que sempre foi a grande virtude do poder local - a proximidade.
“O poder local não pode estar fechado sobre si próprio. Devemos olhar para os concelhos vizinhos, não como concorrentes, mas como aliados estratégicos”, acrescentou, defendendo que na definição de estratégias de sucesso devemos convocar o melhor de cada setor da nossa sociedade, seja da ciência, da cultura, da saúde, do setor empresarial ou do associativismo.
Só com esta união será possível para colocar “Leiria no local que merecemos e aspiramos”.
A abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil, a modernização da linha do Oeste, a transformação do Instituto Politécnico de Leiria em universidade ou a candidatura a capital europeia da cultura em 2027 são lutas que nos devem unir. A sua concretização vai transformar de forma estrutural o nosso futuro e contribuir para a construção de um país mais equilibrado e justo”, acrescentou.
Defender o espírito e a alma do 25 de Abril
O presidente da Assembleia Municipal de Leiria, António Sequeira, defendeu que “o espírito, ou a alma, se quisermos, do 25 de Abril, tem que ser um desígnio de todos os dias e para todo o sempre, para a preservação da democracia, defendendo-a das tentações totalitárias, pela consolidação da cidadania.”
Na sua intervenção, recordou que “o dia 25 de Abril de há 45 anos foi uma jornada de luta que nos devolveu a dignidade como seres humanos civilizados”, acrescentando que “tem que ser permanente a determinação de perseguir o objetivo maior de qualquer povo que é alcançar, e ser capaz de manter níveis satisfatórios de qualidade de vida, nas múltiplas vertentes que este conceito encerra”.
Segundo o presidente da Assembleia Municipal de Leiria, o principal obstáculo para atingir este desígnio é o ‘indiferentismo cívico’ que, como Almeida Garrett disse, é o maior inimigo da liberdade.
“A geração de hoje não conhece outra realidade que não seja viver em democracia, pelo que é natural que não valorize direitos tão óbvios e singelos, como exprimir livremente o seu pensamento e ter a faculdade de participar na escolha de quem os governa” acrescentou, realçando que continua a ser “obrigação estrita daqueles que ainda por cá andam, alertar os jovens para o facto de que, para hoje podermos considerar adquiridos e indiscutíveis, direitos tão axiomáticos, que há meio século eram transcendentes, foi preciso muitos concidadãos nossos conheceram a opressão a prisão e a guerra”.
Na sua intervenção, abordou o reforço do poder local, o sistema de saúde e o exercício pleno da intervenção cívica, três temas “cujo desenvolvimento influencia muito marcadamente a qualidade da cidadania e da vida dos portugueses”.
António Sequeira referiu ainda que em 2019 Portugal vai provavelmente registar um saldo orçamental excedentário, algo que não se verificava desde 1973, defendendo que é preciso saber aproveitar estas circunstâncias excecionais para promover o desenvolvimento económico do país, pois é essa a condição básica para a melhoria de vida dos portugueses.
“Que o Serviço Nacional de Saúde seja o primeiro beneficiário desse desafogo”, disse, reiterando ainda a importância de os portugueses participarem nas eleições que se avizinham.
“Conhecendo bem os comportamentos do poder que potenciam os movimentos antidemocráticos e meditando nos erros alheios, tomemos nas nossas mãos a defesa intransigente da dignidade que nos proporcionaram os valentes de há 45 anos atrás”, concluiu.
A Instituição Militar no Século XXI
O orador-convidado da sessão deste ano foi o tenente-general Fernando Serafino, que partilhou uma reflexão sobre “A Instituição Militar no Século XXI”.
Na sua intervenção começou por fazer uma abordagem aos períodos de guerra e paz por que passou o nosso país e suas consequências, tendo abordado também o percurso dos militares portugueses nos últimos 45 anos e da Instituição Militar.
Neste período, disse, estruturou-se o investimento na modernização dos sistemas de armas e infraestruturas em Leis de Programação.
No seu discurso, destacou ainda a participação de Portugal nos “esforços internacionais e nacionais para assegurar o valor essencial da Paz”.
Quanto aos riscos e ameaças da atualidade, o tenente-general Fernando Serafino disse que a pergunta que se coloca é a de saber se o caminho que foi feito na reforma da Instituição Militar foi ajustado face aos desafios da atualidade.
O orador alertou ainda para a existência de outros “riscos nas sociedades modernas menos evidentes aos olhos dos cidadãos em outros setores, como, por exemplo, da energia, comunicações, segurança alimentar, ciberespaço, sistema bancário, no mercado global, as alterações climáticas, ou a concorrência entre Estados”.
Fernando Serafino disse ainda que se assiste atualmente a uma tendência em que os países parecem querer assumir, individualmente, o controlo das soluções para fazer face a riscos globais, contrariando a tendência do passado em desenvolver esforços para em promover soluções articuladas entre Estado.
“Parece haver um retorno ao passado, mas agora num ambiente tecnologicamente sofisticado e ultra-avançado”, afirmou, deixando algumas pistas sobre como se deve preparar a Instituição Militar para um cenário de crise aguda na Europa com risco de eclosão de guerra.
Preocupação com os jovens
Fernando Costa, em representação dos vereadores do PSD na Câmara de Leiria, começou por realçar a mensagem transmitida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no seu discurso na cerimónia evocativa do 25 de Abril, nomeadamente sobre as dificuldades que os jovens enfrentam atualmente.
“O Sr. Presidente lançou-nos um repto para sermos mais audazes e termos maior preocupação com a juventude e com as dificuldades que enfrenta”, disse, colocando também a tónica na questão ambiental.
Na sua intervenção, Fernando Costa recordou as dificuldades vividas pelos Portugueses no período anterior ao 25 e Abril de 1974, referindo, contudo, que há problemas que continuam por resolver.
“Há muito por resolver. Todos temos de ser mais audazes, mais reivindicativos e exigentes connosco próprios”, disse, destacando as preocupações manifestadas recentemente pelos presidentes das Juntas sobre as questões ambientais no concelho, sem pôr em causa os legítimos interesses daqueles que trabalham no setor das suiniculturas ou noutras indústrias.
No seu discurso, saudou os militares que “conseguiram esta coisa extraordinária que foi mudar o regime, que a maioria desejava, sem ter de haver uma confrontação civil”.
“Hoje importa agradecer aos militares pelo bom senso, coragem e pelo prestígio que continuam a oferecer a Portugal, cá dentro e lá fora”, disse, realçando o papel que assumiram na transição para a democracia em Portugal.
Fernando Costa aludiu ainda à questão da corrupção que, na sua ótica, se tem vindo a agravar, deixando, a terminar uma mensagem de preocupação pelo agravar de alguns problemas na sociedade portuguesa, realçando, contudo, que continua a haver muita gente que continua a cultivar os ideais de Abril.
"Há muita gente que mantém vivos os ideais de Abril e que quer que o amanhã seja também Abril”, concluiu.