Apresentação do Livro – Textos para Teatro - 23º ACASO Festival de Teatro
Prefácio “Kansera”
Dois irmãos, dois ex-imigrantes em Portugal, regressam finalmente ao seu país de origem para serem atormentados pelas memórias de um país que não existe.
Encurralados num quotidiano desgastante e vazio os irmãos descobrem em si mesmo o paraíso perdido, ou que de melhor se pode arranjar para o substituir. Um paraíso, um Portugal de feijoadas e santinhos, laxismo e incompetência que faz as maravilhas daqueles que com ele sonham e que, mesmo sem saber, estão dispostos a tudo para o preservar. Literalmente tudo.
São os mesmos dois irmãos de um outro texto, “Viemos todos de outro lado”, mas transformados de forma profunda pelos vícios e pelas virtudes de um Portugal que os acolheu, que se expõem frente ao público num jogo de cumplicidades amargas de forma quase trágica, de forma quase cómica.
Prefácio “Sopa de Massa”
Dizer alguma coisa sobre um nosso texto que é precisamente aquilo que queremos dizer aos outros em determinado momento pode ser penoso e inútil, mas lá vai. Esta é uma história de um “vadio” (sem abrigo). Nos anos sessenta setenta do século passado aplicava-se o termo “vadio ou vagabundo” a uma personagem de um “sem abrigo”, mas que tinha conotações românticas e libertárias. Ao recuperar uma personagem destas para os dias de hoje, quero preencher um espaço que contemporaneamente não tem lugar na nossa sociedade. O “vadio” de “Sopa de Massa” é um personagem que é um profissional da liberdade de expressão e da independência. No monólogo desta única personagem podemos constatar o valioso cone de observação crítica da sociedade no sentido de baixo para cima, assim como a superioridade moral da crítica devido à sua condição de marginal do sistema social. É a voz da independência e da liberdade, também derivada ao seu estatuto de cómico, que como se sabe são conhecidos como pouco complacentes e comprometidos.
Prefácio “Libelinhas”
Um grupo de amigos reúne-se com a intenção de organizar um plano de apoio aos refugiados. Entre seriedade e riso, tensões e debates, cumplicidades e antagonismos, confissões e indiferenças, embrenham-se nos seus próprios problemas e as boas intenções vão-se revelando inconsequentes, tão bonitas quanto fugazes. Tal como o voo das libelinhas: a sua beleza cativa e seduz mas não deixa rasto. E se no oriente as libelinhas simbolizam a capacidade de transformação e de mudança constante, talvez para estes amigos ocidentais representem apenas efemeridade e inconstância. Seremos todos libelinhas?
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