Celina Veiga de Oliveira relembrou grandes leirienses que viveram em Macau
Macau ficou mais perto dos corações de todos aqueles que o recordam com saudade, através da conferência "Lara Reis e Graciete Batalha, dois ilustres leirienses em Macau.", que no passado dia 29 de Julho, foi apresentada no edifício do Banco de Portugal pela Dra. Celina Veiga de Oliveira.
Numa sala repleta de convidados e amigos de longa data, Celina Veiga de Oliveira falou, com muito entusiasmo, de dois grandes leirienses que marcaram a história dos portugueses residentes em Macau no século XX e que foram, Fernando de Lara Reis e Graciete Nogueira Batalha.
Fernando de Lara Reis nasceu em Leiria a 28 de Dezembro de 1892. Frequentou o liceu da cidade e o Colégio Militar. Através da sua carreira na aviação militar portuguesa, começou muito cedo a viajar. Após a sua reforma da carreira militar devido a um acidente, em França, durante a Primeira Grande Guerra, rumou a Macau onde foi nomeado professor efectivo do Liceu de Macau, cargo que exerceu até ao fim da sua vida.
Lara Reis era uma pessoa muito admirada e estimada em Macau. Professor rigoroso, era também um artista, sempre preocupado em apurar o sentido estético dos alunos. Viajante apaixonado, percorreu todos os continentes, deixando uma extensa memória das suas viagens. Da sua obra constam ainda, dois volumes manuscritos intitulados "A minha vida", sobre a sua vida pessoal, bem como, sobre o ambiente cultural e social da Macau portuguesa da primeira metade do século XX. Lara Reis faleceu em Macau no dia 14 de Janeiro de 1950, com 57 anos, e o seu considerável legado encontra-se à guarda do Arquivo Distrital de Leiria.
Graciete Nogueira Batalha nasceu em 1925 em Leiria. Aluna brilhante de 20 valores, seguiu a sua carreira profissional como professora de Português no Liceu de Macau, destacando-se pela excepção do seu trabalho e pela sua grande entrega ao ensino da língua portuguesa.
Filóloga, pedagoga e escritora, Graciete Batalha era uma pessoa directa e de convicções firmes, que teve uma assinalável intervenção cívica. A sua voz era ouvida com atenção e respeito, mesmo pelo Governador.
Tendo falecido em 1992, Graciete Batalha deixou uma valiosa obra de investigação e os seus trabalhos científicos continuam a ser preciosos, nomeadamente o seu estudo etimológico do dialecto de Macau, o patoá .
A conferência terminou com a agradável e animada intervenção do Dr. Guilherme Valente, editor da Gradiva, que agradeceu à Dra. Celina Veiga de Oliveira a sua excelente apresentação, relembrando o brilhante trabalho que realizou enquanto professora em Macau.
Celina Veiga de Oliveira
Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Celina Veiga de Oliveira viveu em Macau entre 1980 e 1999, onde foi professora no Liceu e no Instituto Politécnico. Investigou o espólio Jurídico de Camilo Pessanha, dirigiu o Conselho do Ambiente e publicou estudos sobre História. Comendadora da Ordem de Santiago de Espada, é editora da Editorial Tágide.
A Câmara Municipal de Leiria informa ainda que, devido à enorme curiosidade suscitada pela exposição "Macau, encontro de culturas", patente ao público no Edifício Banco de Portugal, a mesma, será prolongada até ao próximo dia 20 de Setembro.
No âmbito do prolongamento da exposição, a conferência ""Macau – Uma Revisitação Sentimental" que será apresentada pelo Dr. Guilherme Valente e que inicialmente estava agendada para dia 5 de Agosto, terá lugar no dia 16 de Setembro, pelas 18h30.
No próximo dia 12 de Agosto e também às 18h30, será apresentada pela Prof. Doutora Ana Maria Amaro, a Conferência "Do misticismo à diversão popular: as sombras chinesas".
Leiria, 30 de Julho de 2010