Mário Soares assinala 25 de Abril em Leiria
A revolução de Abril assinalou-se, na segunda-feira, no Teatro Miguel Franco, com a presença de Mário Soares, um dos oradores da cerimónia, em que intervieram ainda Raul Castro, presidente da Câmara Municipal de Leiria, José Benzinho, em representação do PSD, e António Martinho, em representação do CDS-PP, bem como Carlos André, presidente da Assembleia Municipal de Leiria, e José Humberto Paiva de Carvalho, governador civil de Leiria. Os discursos dos elementos do executivo podem ser lidos aqui na íntegra.
CERIMÓNIA EVOCATIVA DO "25 DE ABRIL"
Presidente
Exmo Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Leiria, Prof. Doutor Carlos André
Exmo Senhor Governador Civil de Leiria, Prof. Doutor Paiva de Carvalho
Exmos. Senhores Autarcas
Exmos Senhores Representantes de Entidades Civis e Militares
Exmo Senhor Dr. Mário Soares
Representantes da Comunicação Social
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Começo por agradecer a presença de Todos e particularmente saudar o Dr. Mário Soares que nos honra com a sua presença em Leiria, concelho ao qual tem fortes ligações afectivas, como é publicamente sabido e a quem agradecemos a sua disponibilidade para ser o orador oficial desta sessão solene, comemorativa do 37º aniversário do "25 de Abril".
Apesar do Dr. Mário Soares dispensar apresentações, não é demais recordar aqui e agora o importante contributo que deu para a implantação da Democracia em Portugal.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Comemorar o "25 de Abril" é relembrar as expectativas que foram criadas quanto a mais Justiça Social, melhor Saúde, melhor Educação, mais Desenvolvimento, gerando mais bem estar e melhor qualidade de vida.
Comemorar o "25 de Abril" não deve passar unicamente pela comemoração de um dia feriado, resultante do mais importante acontecimento da História contemporânea do nosso País.
37 anos depois do 25 de Abril, a simbologia que tal data representa, parece arredada do pensamento da maioria dos Portugueses, face ao período difícil que estamos a viver.
E não é mantendo situações de "capela" que surgirão as soluções para fazer frente às dificuldades que enfrentamos no dia a dia e que transformam o futuro numa grande incógnita.
É por isso o momento de buscar mais consensos e procurar soluções conjuntas para ultrapassar os problemas que permitam recuperar os ideais de Abril.
Tem que haver um forte empenho, especialmente dos titulares de cargos públicos, para dar o melhor exemplo aos seus concidadãos.
Ao nível local, é isso que temos procurado fazer. Apesar de o Município de Leiria estar a viver uma complicada situação financeira, devido aos problemas herdados e aos cortes orçamentais impostos pela Administração Central, procuramos gerir com rigor e responsabilidade as contas da Autarquia. E a prova disso está nos 6,2 milhões de euros em despesas correntes, que conseguimos poupar em 2010, ou seja mais de 500 mil euros por mês, mantendo em curso elevados investimentos para o melhor aproveitamento dos fundos comunitários e dando respostas sociais, como a comparticipação na aquisição de medicamentos por parte das famílias de mais baixos rendimentos ou em projectos que permitam reinserção futura no mercado trabalho, como é o caso de ex-arrumadores de automóveis.
Vivemos, em termos locais, uma complicada situação onde a liquidez financeira escasseia e as alternativas são praticamente inexistentes, mas não baixaremos os braços.
Com a ajuda de Todos, saberemos procurar as melhores soluções, conscientes que se avizinham novas e complicadas dificuldades e para que também em Leiria, se mantenham as expectativas geradas com o "25 de Abril".
Obrigado pela vossa atenção
Vereador António Martinho
eleito pelo CDS-PP
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal
Exmo. Sr. Governador Civil
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Leiria
Exmas. Autoridades Civis e Militares
Caros colegas Vereadores
Exmos. Srs. Presidentes de Juntas de Freguesia
Representantes da Comunicação Social
Exmo. Sr. Dr. Mário Soares
Minhas senhoras e Meus senhores
Comemora-se hoje o trigésimo sétimo aniversário do Dia da Liberdade. Em 25 de Abril de 1974, um golpe militar liderado pelo MFA, pôs fim ao "Estado Novo", também este resultante de um golpe militar de grande parte das Forças Armadas, em 28 de Maio de 1926.
O regime que terminava era fortemente centralizado, um estado ditatorial contava com um poderoso braço armado, a polícia política, que ajudava a manter o País estático e inamovível, como se estivesse parado no tempo.
Ventos de mudança devolveram a esperança a um povo amordaçado, inculto, resignado e sem coragem, nem capacidade de intervenção. Uma sociedade civil demasiado frágil e incapaz de viver autonomamente.
As aspirações legítimas, de quem acreditava num futuro que despontava, passavam por uma sociedade mais justa e fraterna, onde a liberdade e a justiça, fossem alicerces basilares da democracia.
Sonhava-se que fossem instituídas regras básicas na vida social, pautadas por uma ética de responsabilidade ao serviço da comunidade, orientada pela integridade moral, intelectual e a honestidade no exercício de cargos públicos.
Hoje, o sonho acalentado por muitos, e sustentado no sacrifício pessoal dos que lutaram pela liberdade de todos, ameaça esboroar-se diante dos nossos olhos.
A sociedade, agora, teme a injustiça da justiça. Receia a pobreza, e afunda-se no fosso crescente que separa ricos e pobres.
A tolerância e a liberdade são registos formais; cresce a insegurança, a descrença na seriedade com que é gerida "a coisa pública", e o cidadão comum sente-se desprotegido e deixou de confiar nos órgãos de soberania.
Uma desconfiança profunda paira sobre os detentores de cargos públicos e nos decisores políticos.
O regime parece enleado numa malha de interesses corporativos e de clientelas, à imagem do senado da antiga Roma, onde se perdeu a confiança e desbarataram recursos.
Existe demasiado parasitismo na árvore do Estado e, são visíveis os sintomas da doença, que ameaça secá-la da raiz até à copa, e cada dia que passa, apenas torna mais difícil a sua regeneração política e social.
É um País onde "a esperteza saloia" ou "chico espertice nacional", como se lhe queira chamar, tem uma valorização comparável ao mais precioso dos metais, onde ficar rico de repente, representa sucesso, não importando a sua proveniência, onde a falta de pontualidade é um hábito, onde o capital humano não é valorizado como regra, onde quase não existe memória colectiva, onde se desculpa a mediocridade e a estupidez e se é tolerante com a incompetência e a desonestidade.
Há décadas que se vem assistindo à degradação progressiva da vida política, motivada por práticas pouco saudáveis, consubstanciadas naquilo que de pior existe na vida colectiva, onde a promiscuidade de interesses tardam em ser combatidos com eficácia.
A dignidade, a elevação, os princípios morais e éticos, a honestidade moral e intelectual, a liberdade de expressão e opinião, o confronto de ideias e conceitos, e a lealdade, que são âncoras da democracia, deram lugar ao perjúrio, à ausência de valores e princípios, à desonestidade, ao seguidismo, à bajulação, à arrogância que conduziu à ruína, à ausência de debate de ideias e conceitos, discutindo-se apenas pessoas, claro sinónimo de mediocridade.
A vida partidária gere-s