Azabucho - Rede Natura 2000
O lugar do Azabucho situa-se na freguesia de Pousos, tem uma área de 136 ha e foi delimitado pelo ICN, em colaboração com o Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, no âmbito da Rede Natura 2000.
Classificado como Sitio de Importância Comunitária (SIC), foi incluído na Lista Nacional de Sítios – 2ª fase (PTCON0046).
E delimitado por linhas de água com galerias bem conservadas de amieiro, salgueiros e amieiro-negro, que rodeiam os campos cultivados em grande parte abandonados e ocupados por prados de espécies herbáceas vivazes (Molinio-Arrhenatheretea), ricos em taxones pouco frequentes como Fuirena pubescens, Juncus conglomeratus e Cheirolophus uliginosos.
Nos pequenos riachos afluentes, canais alargados de decorrência que se criam através deste juncal, dominam Hypericum elodes, Scirpus fluitans e Juncus bulbosus, formando uma comunidade muito rara (Hyperico elodis-Scirpetum fluitantis) sendo a primeira vez mencionada para Portugal.
O local encontra-se predominantemente ocupado por pinhal desenvolvido em solos quase turfosos sobre materiais arenosos. A matéria orgânica humifica-se muito lentamente como consequência do hidromorfismo e da acidez da manta morta, pelo que se acumulam grandes quantidades de matéria orgânica vegetal.
E sobre estes substratos que se desenvolvem os urzais de Erica ciliaris com Ulex minor, Doronicum plantagineum, Scorzonera humilis e Euphorbia uliginosa.
Nas partes mais baixas e nas depressões, esta comunidade contacta com os juncais higrófilos da Molinio-Arrhenatheretea. Nos locais menos húmidos desenvolve-se um mato rico em carvalhica e Ulex jussiaei, nas clareiras do qual ocorre a Leuzea Longifolia.
Estruturalmente, o sítio indicado tem uma sequência geoserial, edaficamente dependente da humidade existente e que será, dos locais mais húmidos para os menos húmidos:
- Comunidade de Hypericum elodes e Juncus bulbosus (Provavelmente da associação Hyperico elodis-Scirpetum fluitantis Rivas-Goday 1964 nom. inv.);
- Juncais do Juncetum rugoso-effusi Rivas Martinez & Costa In Rivas Martinez, Costa, Castroviejo & Vald´s 1980;
- Urzais de Erica ciliaris com Ulex minor (Cirsio welwitschii-Ericetum ciliaris C. Neto, J. Capelo, J.C. Costa & M.D. Espirito Santo In C. Neto, J. Capelo & J.C. Costa 1996);
- Matos de carvalhica com mais ou menos tojal (Erico-Quercetum lusitanicae Rothmaler ex Br.- Bl., P. Silva & Rozeira 1964, e Lavandulo luisieri-Ulicetum jussiaei J.C. Costa et al. 1993).
Este é o único local que se conhece para a Leuzea longifolia. Este taxone é um endemismo português considerado em vias de extinção, estando a sua área de distribuição reduzida ao Centro-Oeste arenoso.