Senhora do Monte
Localizada a Sudeste da cidade de Leiria, a Senhora do Monte e uma zona de grande interesse ecológico e paisagístico, uma vez que aqui nasce o Rio Lis, de uma serie de exsurgências, e a zona que compreende as cotas mais elevadas do Concelho.
Situada na Orla Mesocenozóica Ocidental na extremidade Norte do Maciço Calcário Estremenho, sendo notória a saliência do relevo desta zona em relação ao restante Concelho.
Este facto deriva da ação das falhas que elevaram o substrato calcário, em aliança com a maior resistência mecânica deste material ao que lhe esta adjacente.
Esta área, de grande diversidade litológica, caracteriza-se pela presença de arenitos, margas e calcários margosos do Jurássico que contactam, nas regiões envolventes, com arenitos e conglomerados do Cretácico e Jurássico.
As condições hidrológicas desta área são fortemente influenciadas pela geologia já que, desenvolvendo-se fundamentalmente em calcários e calcários margosos, apresentam comportamentos específicos, dos quais se destacam a enorme fraturação, o escasso escoamento superficial e a circulação de águas subterrâneas.
Deste modo, o caudal escoado pelo Rio Lis apresenta uma sazonalidade muito marcada, dependendo da precipitação. As águas da nascente provêm não somente da precipitação, mas também do regime hídrico de profundidade do Maciço Calcário Estremenho.
A destruição do coberto vegetal original pela ação do Homem deu origem ao aparecimento de matos de grande interesse, surgindo as espécies características dos calcários mediterrânicos, entre as quais espécies aromáticas e medicinais.
De entre as muitas espécies existentes salientam-se as seguintes: carvalho-cerquinho (Quercus faginea), carrasco (Quercus coccifera), pilriteiro (Crataegus monogyna ssp. brevispina), madressilva (Lonicera coprifolium L. e Lonicera periclymeum L.), rosmaninho (Lavandula stoechassp. Luisieri), alecrim (Rosmarinus officinalis), rosa-albardeira (Paeonia broteroi), roselha-grande (Cistus crispus), roselha (Cistus albidus), tojo-molar (Genistas triacanthos), pinheiro-manso (Pinus pinea), pinheiro-bravo (Pinus pinaster), urze, (Calluna vulgaris), orquídea-piramidal (Anacamptis pyramidalis), sargaço (Cistus salvifolius), medronheiro (Arbutus unedo L.) e salvia (Salvia verbenaca).
A recente introdução do eucalipto (Eucalyptus globulus), pelo ritmos e forma totalmente anárquica como se tem vindo a processar, é um dos maiores problemas ambientais a resolver nesta área.
As aves mais comuns encontradas na área são as que se seguem: águia-d’asa-redonda (Buteo buteo), peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus), perdiz-comum (Alectroris rufa), pombo-torcaz (Columba palumbus), rola-comum (Streptopelia turtur), coruja-das-torres (Tyto alba), andorinhão-preto (Apus apus), andorinhadas-chaminés (Hirundo rustica), rouxinol-comum (Luscinia megarhynchos), toutinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melonocephala), chapim-real (Parus Major), gralha-preta (Corvus Corone), estorninho-preto (Sturnus unicolor), pintaroxo (Acanthis cannabina), entre outras.
Os mamíferos registam também uma presença significativa, sendo de salientar as seguintes espécies: ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus), toupeira (Talpa occidentalis), coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), raposa (Vulpes vulpes), doninha (Mustela nivallis), texugo (Meles meles), geneta (Genetta genetta), rato-cego (Microtus lusitanicus), rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), musaranho-de-dentes-brancos (Crocidura russula) e coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus).
É conhecida alguma variedade de répteis, sendo os mais comuns: osga-comum (Tarentola mauritanica), cobra-de-pernas-tridactila (Chalcides chalcides), sardão (Lacerte lepida), lagartixa-do-mato-comum (Psammodromus algirus), cobra-de-ferradura (Coluber hippocrepis), cobra-de-escada (Erlaphe scalaris), e cobra-rateira (Malpolon monspessulanus).
A escassez de água à superfície não é propícia à ocorrência de grande número de anfíbios. Contudo, existem algumas espécies inventariadas na Senhora do Monte como, por exemplo, a salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) e o sapo-comum (Bufo bufo).
A ocupação humana da Senhora do Monte ocorre no sopé da serra. As encostas de menor declive são aproveitadas para o cultivo da vinha e de árvores de fruto prolongando-se até ao Vale do Lis.
No topo da serra a única construção existente é a Capela da Senhora do Monte.
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